Ansiedade - O mal estar da Atualidade
- rogerioquadra
- 13 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de jan.
A Ansiedade - O Mal estar da cultura Contemporânea
A ansiedade é, sem dúvida, um dos grandes males do século XXI. Vivemos em uma época marcada por pressões constantes: produtividade no trabalho, idealizações nas redes sociais e a busca incessante por atender às expectativas do Outro. Mas o que a psicanálise tem a nos dizer sobre esse sentimento tão comum e, ao mesmo tempo, tão complexo?
Freud e Lacan, oferecem perspectivas profundas nos ajudando a entender suas origens e suas manifestações.
A Ansiedade em Freud: O Recalque e o Desconforto do Inconsciente
Freud descreveu a ansiedade como uma resposta psíquica a conflitos internos que não encontramos forma de resolver conscientemente. Em sua obra Além do Princípio do Prazer, ele fala sobre o recalque: um mecanismo inconsciente que reprime conteúdos indesejáveis, mas que, inevitavelmente, retornam em forma de sintomas, como a ansiedade e a angústia.
A ansiedade, nesse contexto, não é apenas um mal-estar, é um sintoma de que algo, como um trauma ou desejo, foi empurrado para o inconsciente e está lutando para emergir.
Freud explicou que esses sintomas muitas vezes estão ligados a experiências traumáticas ou desejos inconscientes que entram em conflito com a realidade e a impossibilidade de serem satisfeitos, principalmente devido as normas e valores sociais internalizados pelo próprio indivíduo.
Lacan e a Ansiedade: A Falta de Objeto e o Desejo do Outro
Já Lacan, ao reler Freud, traz uma perspectiva ainda mais intrigante. Ele afirma que a ansiedade está diretamente ligada à falta de um objeto específico – aquilo que ele chama de objet petit a. Esse objeto, sempre fora de alcance, representa aquilo que acreditamos que poderia nos completar, mas que nunca conseguimos obter totalmente.
Para Lacan, a ansiedade surge não apenas da presença de algo ameaçador, mas também da ausência de algo que deveria estar lá para nos dar segurança. (O seio materno por exemplo) É o que ele define como a "falta da falta". Por exemplo, em um momento de angústia, não sabemos o que queremos, mas sentimos a ausência de algo essencial. É essa sensação que nos paralisa ou nos deixa inquietos.
Além disso, a ansiedade está profundamente ligada à relação com o Outro. (Lembrando que os primeiros outros são sempre seus pais ou figuras de autoridade). Em um mundo onde estamos constantemente sob os olhos dos outros – seja no trabalho, na família ou nas redes sociais –, a expectativa de atender às demandas externas, que coincidem com o desejo de ser amados pelos pais e que foram internalizados, amplificam a sensação de inadequação. O desejo do Outro passa a ser uma referência constante, tornando-se uma fonte inesgotável de ansiedade.
Ansiedade e Casos Clínicos: O Papel do Inconsciente
Na prática clínica, a ansiedade frequentemente aparece como um sintoma que encobre algo mais profundo. Um paciente pode relatar, por exemplo, que sente ansiedade ao falar em público, mas, ao explorar sua história, descobre que o medo de julgamento tem raízes em experiências infantis de crítica ou humilhação.
Outro caso comum é a ansiedade relacionada à performance no trabalho. Ao investigar mais profundamente, podemos encontrar uma ligação com o desejo de aprovação dos pais ou com um ideal de sucesso inatingível, internalizado desde a infância.
Esses exemplos mostram como a psicanálise vai além dos sintomas para buscar o que eles realmente representam. O objetivo é ajudar o paciente a entender as mensagens que o inconsciente envia por meio da ansiedade e, assim, encontrar maneiras de lidar com ela de forma mais saudável.
A Psicanálise como Caminho para o Equilíbrio
Diferentemente de abordagens que visam apenas suprimir os sintomas, a psicanálise convida o sujeito a explorar a origem da sua ansiedade. Ao decifrar os conflitos inconscientes e entender as relações simbólicas que regem sua vida, o paciente pode transformar sua relação com o mal-estar.
A ansiedade, então, deixa de ser uma inimiga a ser combatida e se torna uma aliada no processo de autoconhecimento. Como Freud disse, "onde estava o id, deve advir o ego". Ou seja, o objetivo é trazer à luz o que está no inconsciente, permitindo ao sujeito assumir um papel mais ativo em sua própria história.
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A ansiedade pode parecer esmagadora, mas ela carrega mensagens importantes sobre nós mesmos. Sob o olhar da psicanálise, ela é um convite para olhar para dentro, explorar nossos desejos e reconciliar nossos conflitos internos.
Se você sente que a ansiedade tem ocupado um espaço muito grande em sua vida, a psicanálise pode ser um caminho poderoso para encontrar equilíbrio e transformação. Afinal, compreender o inconsciente é o primeiro passo para tomar as rédeas da sua existência.
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