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Depressão em Psicanálise

  • rogerioquadra
  • 14 de jan.
  • 3 min de leitura

Depressão – Quando o Desejo se Perde no Inconsciente

A depressão é uma das condições mais desafiadoras da saúde mental, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Sob o olhar da psicanálise, ela não é vista apenas como um estado emocional, mas como um sintoma que revela conflitos profundos do inconsciente. Freud e Lacan, com suas contribuições teóricas, oferecem chaves importantes para entender esse fenômeno e buscar caminhos para superá-lo.

Freud: Luto, Melancolia e o Eu Ferido

Em seu ensaio Luto e Melancolia (1917), Freud diferencia o luto normal da melancolia, um estado que hoje associaríamos à depressão. No luto, a perda de um objeto amado – seja uma pessoa, um sonho ou uma fase da vida – é vivenciada como algo doloroso, mas o sujeito consegue elaborar a perda e eventualmente seguir em frente.

Já na melancolia, essa perda é internalizada de maneira patológica. O sujeito não consegue se desapegar do objeto perdido e, inconscientemente, direciona sua raiva para si mesmo. Essa autoacusação, típica da depressão, é uma manifestação de conflitos inconscientes que não foram resolvidos.

Freud nos mostra que, na depressão, o Eu se torna refém de um superego severo, que constantemente julga e critica. Esse processo pode ser entendido como uma batalha interna, onde o sujeito se sente esmagado por exigências que muitas vezes ele nem compreende totalmente.

Lacan: O Vazio do Desejo e a Falta no Outro

Enquanto Freud se concentra nos aspectos estruturais da depressão, Lacan acrescenta uma dimensão relacionada ao desejo e ao simbólico. Para Lacan, o desejo é o motor da existência humana – é o que nos impulsiona a agir, criar e buscar sentido. Porém, na depressão, esse desejo se perde, criando um vazio existencial.

Lacan explica que o desejo está sempre relacionado ao Outro – a figura simbólica que representa nossas relações com o mundo. Quando o sujeito perde a conexão com o Outro ou sente que não pode atender às suas demandas, surge um vazio insuportável. É nesse momento que a depressão se instala, pois o sujeito não consegue se posicionar diante da falta que o constitui.

Outro ponto importante é a ideia do "ideal do Eu". Para Lacan, muitos sujeitos deprimidos sofrem porque não conseguem alcançar o ideal que acreditam ser necessário para serem reconhecidos e amados. Essa discrepância entre o que o sujeito é e o que ele acredita que deveria ser alimenta sentimentos de inadequação e desamparo.

Depressão na Clínica Psicanalítica

Na clínica, a depressão frequentemente aparece como um sintoma de demandas internas e externas conflitantes. Um paciente pode relatar sentimentos de tristeza profunda ou falta de energia, mas a psicanálise busca ir além desses sintomas para compreender os fatores inconscientes que os originam.

Por exemplo, uma pessoa que perdeu o interesse pela vida pode, ao longo das sessões, descobrir que sua depressão está ligada a expectativas impossíveis que internalizou na infância. Outro paciente pode perceber que sua tristeza é uma forma inconsciente de punir a si mesmo por desejos que acredita serem inaceitáveis.

A escuta psicanalítica não busca "curar" a depressão no sentido médico, mas ajudar o sujeito a dar sentido ao seu sofrimento. Ao compreender as raízes do seu mal-estar, o paciente pode transformar sua relação com os sintomas e reencontrar seu desejo.

Transformando a Depressão pelo Autoconhecimento

Freud dizia que o objetivo da psicanálise é transformar o sofrimento neurótico em um sofrimento humano – ou seja, ajudar o sujeito a lidar com sua dor de forma consciente e produtiva. No caso da depressão, isso significa ajudar o paciente a reconectar-se com seu desejo e a ressignificar as perdas que sofreu.

A psicanálise também desafia a ideia de que a depressão é apenas uma questão química ou genética. Embora esses fatores possam estar envolvidos, ela propõe que o sofrimento tem um significado, e que ao compreender esse significado, o sujeito pode encontrar novos caminhos para viver.

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A depressão é um convite doloroso, mas profundo, para olhar para dentro e explorar os mistérios do inconsciente. Freud e Lacan nos ensinam que, por trás do sofrimento, há uma história que precisa ser contada – e que contar essa história é o primeiro passo para a cura.

Se você ou alguém que você ama enfrenta a depressão, a psicanálise pode ser um caminho para compreender e transformar essa experiência. O autoconhecimento é uma ferramenta poderosa para reencontrar o desejo e redescobrir o sentido da vida.

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